pobre urubu
que caga em seu carro
que come carne podre
pobre urubu
preso pelo homem
animal bonito e cheiroso
como as caturritas presas na gaiola
mas preso por uma obra
pobre urubu
que tem apenas trinta metros para um lado
e trinta metros para o outro
pobre urubu
que não pode ver tv
que não pode ouvir rádio
e eu aqui, um metro para um lado
um metro para o outro
nem reclamo
Alfred vivia só em sua casa. Não tinha amigos. Não tinha namorada. Não era grisalho. Nem tinha cabelos.
Então aconteceu algo que mudou sua vida para sempre. De maneira totalmente inesperada, ele se mudou.
Alfred vivia, então, em sua nova casa. Não tinha amigos. Não tinha namorada. Não era grisalho. Nem tinha cabelos.
Naquela manhã, quando apareceu o primeiro floco de neve,
o sol tentou brilhar, mas aquele cristal, branco, brilhoso,
com múltiplas pontas, parecendo luz em flocos, ofuscou
os infames raios ultravioletas. E então mais deles começaram
a surgir, como uma chuva de prata. Incrível. Majestosa.
Que envolvia a todos como se fosse música. As pessoas,
lendo seus jornais, tomando seus cafés, abriam sorrisos
enormes. Tudo por causa da alegria que Deus trazia para
tornar o dia mais belo. E eu naquele momento apenas fazia
o meu dever, sorrir e ficar contente pelo maior concerto
que a natureza poderia tocar.
